
UGC: Como Profissionais do Mercado Estão Sendo Iludidos por Amadores
Um nome diferente para uma prática antiga.
O Que é UGC? Um Nome Diferente Para Uma Prática Antiga
O conceito de conteúdo gerado pelo usuário, ou UGC (User-Generated Content), está longe de ser uma novidade. Trata-se, essencialmente, de uma produção de conteúdo feita por consumidores, muitas vezes em nome de uma marca. Embora o termo tenha ganhado destaque no Brasil apenas em 2022, a prática é antiga e já era utilizada no mercado publicitário há bastante tempo. Na realidade, o verdadeiro UGC vai além do que é comumente vendido atualmente, remetendo a campanhas icônicas que mobilizaram consumidores de maneira significativa.
Exemplos Clássicos de UGC
Duas campanhas emblemáticas que ilustram bem o conceito de UGC são a “Share a Coke” da Coca-Cola e a “Mamíferos Parmalat”. A campanha da Coca-Cola, lançada em 2011, convidou consumidores a personalizarem garrafas com seus nomes e compartilharem fotos nas redes sociais usando a hashtag #ShareACoke. Esta iniciativa não apenas aumentou o engajamento com a marca, mas também estimulou um vínculo emocional com os consumidores.

Já a campanha “Mamíferos Parmalat”, de 1996, também explorou o potencial do UGC de maneira brilhante. A promoção oferecia bichinhos de pelúcia dos famosos mamíferos Parmalat para quem juntasse 20 códigos de barras das caixinhas de leite e pagasse uma pequena quantia. Esta campanha não só impulsionou as vendas de leite Parmalat em todo o país, mas também gerou uma enorme participação do público, consolidando a marca no imaginário popular brasileiro.

UGC: Um Conceito Antigo, Uma Prática Moderna
O termo UGC foi formalmente introduzido no início da década de 1990 para descrever o conteúdo de mídia produzido fora das instituições de mídia profissionais, pelos próprios usuários. Sua popularidade cresceu significativamente por volta de 2005, coincidindo com o surgimento da Web 2.0 e o aumento do acesso a ferramentas de produção de mídia. Henry Jenkins, em seu livro “Cultura de Convergência” (2006), destacou como os usuários de mídia começaram a se transformar em produtores de conteúdo através de plataformas digitais.
UGC pode ser definido como “conteúdo de mídia gerado por pessoas fora de instituições de mídia profissionais, muitas vezes sem pagamento, que é disponibilizado ao público” (Daubs, 2019). A ascensão das interfaces amigáveis para mecanismos de busca, compartilhamento de vídeo e redes sociais no início dos anos 2000 facilitou ainda mais essa produção de conteúdo.
A Realidade do UGC no Mercado Atual
Apesar da longa história e dos exemplos bem-sucedidos, o que vem sendo vendido hoje como UGC muitas vezes não passa de uma produção de conteúdo humanizada, mas ainda profissional (e em alguns casos totalmente amadora). O verdadeiro UGC envolve um nível de autenticidade e espontaneidade que muitas campanhas modernas não conseguem replicar. As marcas, ao utilizar o nome UGC para práticas que na verdade são produção de conteúdo tradicional, podem estar enganando profissionais do mercado e iludindo o público sobre a verdadeira natureza de suas campanhas.

Conclusão
O UGC é uma estratégia poderosa e comprovada para engajar consumidores e aumentar a visibilidade das marcas. No entanto, é crucial que as empresas e profissionais do mercado entendam a diferença entre conteúdo verdadeiramente gerado pelo usuário e a produção de conteúdo humanizada, para que possam utilizar essa estratégia de maneira autêntica e eficaz. O uso inadequado do termo UGC não apenas desvirtua seu verdadeiro significado, mas também pode comprometer a confiança e a percepção do público em relação às campanhas publicitárias.
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